maio 16, 2013

Um M.

Eu sou um M na multidão (mas isso todos sabem). E como eu outros tantos existem. Factos.
Vejo muitos olhares vazios quando os meus são invadidos por gente doida, gente rude, gente feliz, gente solitária, gente e mais gente. Raramente paro para pensar no que me rodeia, era uma coisa que fazia com frequência, mas ao que parece agora sou uma espécie de mulher muito ocupada, tendo por isso tempo para acordar, depois de pouco dormir, tempo para banhos demorados e arranjos apressados, tenho tempo para aulas, trabalho, amigos, tempo para pouco estudo e todos os jogos de futebol que considero importantes ( simples patriotismo, ou parvoíce. ) O tempo para escrever ficou, portanto, resumido a 15 minutos (se tanto) de todas as horas que tem um mês. E quando nem esses 15 minutos tenho já não sou eu, sou somente uma espécie de mulher que se acha ocupada demais com a vida que leva. Outrora achei ser diferente dos demais, não melhor, não pior, apenas diferente. Diferente na escrita, nos olhares, nos toques e até nos sorrisos. Não sei onde fiquei, afinal de contas sou somente um M na multidão e, vai na volta, perdi-me algures. Não sei em que café, jardim, estação de metro, paragem, fiquei. O que eu sei é que quando me encontrar, abraçar-me-ei com quantos braços tenho, numa espécie de entrega total. Certamente passarei por uma bomba de gasolina que tenha lavagens de carros para limpar a merda que trago agarrada ao cérebro à pressão. Entretanto anoitecerá, e a espécie de mulher ocupada será, de uma vez por todas, uma mulher com tempo para tudo e bem organizada, uma mulher de bem com a vida, com o olhar cheio de coisas novas, de árvores, e muitas letras, letras, letras. Lá se vai a gente de olhares vazios, a gente doida, a gente rude, a feliz, a solitária e a gente... gente e mais gente. Tenho a certeza que se eu me encontrar na multidão, a multidão conseguirá encontrar-se também.
E como dizia o outro, Peace.

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