S.

Não voltarei a perguntar o que se passou connosco, porque eu sei que o que fomos, já não somos mais. Não vale a pena tentar encontrar a culpa, pode ter sido das duas, pode não ter sido de nenhuma. Por um curto tempo, fomos as melhores amigas, fomos como irmãs. Partilhámos tudo, lembras-te? Partilhámos tanto. Eu sinto falta disso, mas vale a pena remoer mais? É que... Desculpa-me se estou a desistir de nós, provavelmente estou a ser egoísta, cobarde, e estou a fugir de nós. Não sinto que lutei o bastante mas é difícil saber o que bastante significa para ti. Talvez tenha começado sempre com a pergunta errada, e por isso te digo que não voltarei a perguntar o que aconteceu connosco. Já foi. Queria chorar mais por nós, mas as lágrimas já secaram. Queria recuperar o que fomos um dia, mas parece impossível. Já viste a minha lista de objectivos para este ano? Inclui-te. Sabias que te incluo sempre nas minhas listas? Nas minhas cartas de natal? Sabias que penso em ti quando estou a ter uma tarde muito boa com os meus amigos e desejo que estivesses lá? Sabias? Sabias que te amo como uma irmã e que isso nunca deveria mudar? Por fim, sabias que isso nunca vai mudar? Quando for velhinha, eu vou lembrar-me que era contigo que eu ria horas a fio, vou lembrar-me daquela manhã maravilhosa em que coloquei os teus chocolates na minha boca, pus um batom cor-de-rosa muito feio, e disse que era eu. Aquela era eu. Aquela eras tu. Éramos nós. Não te vou dizer mais quanta falta sinto disso. E não, não vou voltar a perguntar o que aconteceu connosco. Mas tens de saber, que tudo mudou. Tudo mudou, mas eu ainda te amo.