O tempo escasseia por horas perdidas, intermináveis e distorcidas. A dor aumenta de velocidade a cada batimento cardíaco que o coração grita. E não há nada que possa ser feito, nada que possa ser dito, porque este silêncio enche-nos os ouvidos de um grito surdo qualquer. O movimento prende, sempre que te sorriu e a consciência pergunta-me se estarei eu a ficar louca. Não lhe respondo, claro. A cobardia apodera-se de mim e rouba-me qualquer palavra nua que eu possa pôr a descoberto. Não sei se é do medo ou da solidão, mas por aqui já se sente um estranho frio que penetra, cruelmente, cada poro do meu corpo. Calma, menina de olhos de chocolate, é tudo muito incerto e a noite ainda demora. Cobre-te de cobertores de ternura, eu acordo-te quando o sol te sorrir.
Descobri, hoje, que não basta acordar-te quando o sol te sorrir. Ele tem de chegar primeiro, tem de te aquecer e só depois te poderei acordar para ele, finalmente, te sorrir. Provavelmente, isso não te chegará. No grau de insensatez em que te encontras, irás exigir-lhe mais. Mais não, tudo! E fazes bem. Mereces tudo, por fim. Casa-te com ele e cobre-o também, mas desta vez, que seja com os teus cobertores de ternura. Não queiras que o céu seja o limite quando há um outro mundo para lá do que se vê.
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