outubro 25, 2011
o que falta
Não entendo o que falta. O soalho molhado, as cortinas fechadas, o sofá de canto com a coberta por cima. Os estores pela metade e uma solidão inconstante. Isso não falta por aqui. O que não falta também são as saudades a cada segundo que me preenchem o peito por inteiro e me cobrem de lágrimas. O passado não fugiu, está cravado em cada poro do meu corpo, do corpo pequeno, frágil, daquele que precisa de protecção e se coloca na posição fetal, com medo, com frio, com falta. A falta certa que não me abandona. Mas ainda não entendo. A cicatriz está profunda, não tem como sarar, sangra horas a fio e não dá sinais de melhoras. A aventura destrói-me a consciência como se o erro tivesse sido a pior coisa que eu fiz. Errar é humano, mas será que serve de desculpa? Limpa, limpa a consciência, esconde tudo, apaga da memória tudo o que nem sequer te lembras. Vive como se o passado não tivesse existido. Tens a tua oportunidade de não errar novamente. Já não falta nada.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
Muito, muito bom, gostei bastante :)*
Enviar um comentário