janeiro 11, 2013

Nem tudo o que o vento leva se perde. Por vezes há passarinhos que voltam, passarinhos bonitos que cantam na nossa janela de manhã.
Sei que a vida me tornou uma pessoa melhor, com mais força e mais alegre, e esta agora sou eu, a escrever sobre passarinhos e sobre o que o vento me levou. Decidi ir buscar o que perdi, fui devagarinho e um pouco a medo, mas fui. Pé ante pé, rumo a sorrisos sinceros e nostalgia. O mais importante, por vezes, é o que fica. Bem sei que nem tudo o que permanece na memória de um coração preguiçoso são coisas boas, muito embora sejam as más que nos ajudam a encarar a guerra com outros olhos. Outrora escrevia como dançava uma bailarina, escrevia até que os dedos me doessem para no dia a seguir partilhar com alguém deveras especial, esse era o meu passarinho, era o meu anjo das manhãs. Nela via a inocência de uma criança, cuja vida era simplesmente normal, quase banal para um lutador. Mais tarde vi o passarinho crescer, ganhar asas e tornar-se um lutador também, criou objectivos e sonhos, oh... tantos sonhos... Mas os espaços dos meus dedos deviam ser grandes demais, porque o meu passarinho voou, e eu deixei-o voar. Não só o deixei o voar como já não escrevo até que os dedos me doam. O triste disto nem é perder. É desistir de mim própria.
 Aquela criança que cresceu, agora é uma mulher, e eu corri... Não, mentira. Correr eu não corri. Caminhei ao seu encontro novamente, porque ao fim ao cabo é uma parte de mim, e a saudade aperta este coração preguiçoso, as lembranças saem das gavetas como se tivessem vontade própria, e eu já não consigo impedir, perdi as chaves que as trancavam.
Hoje sorri, tenho o coração quente e tranquilo, pouco me falta. Encontrei o meu passarinho, e conversamos. Recordamos, e o tempo nem passou por nós. Vi-me de novo com 15 anos, e soube bem. Afinal de contas a felicidade não está só em nós, está nos outros. Desde quando existe uma felicidade egoísta quando ela foi feita para ser partilhada?

2 comentários:

André disse...

"Somos gigantes até ser provado o contrário!"

Sónia Rodrigues Pinto disse...

quando amamos à séria alguém, esse alguém pode acabar por partir por diversas razões, desde mera futilidade até à mais pura das confusões de espírito, mas se esse alguém alguma vez se sentiu amado por nós, ganha coragem para voltar a quem lhe faz bem. fico feliz por estares feliz :-)