janeiro 04, 2012
cinzento.
O mundo não é mais da cor que o pintei. É da cor que ele mais quer, da cor que lhe dão. Talvez seja culpa minha o facto de ele estar pintado de cinzento agora. Deixei que assim o pintassem, sem autorização concedida, sem um pedido de licença. Apenas o pintam, quando querem, como querem, e eu, submissa, deixo que o pintem. Sorriu-lhes e faço-lhes uma vénia, como se de deuses se tratassem. Não espero por agradecimentos nem flores no meu camarim, retiro a maquilhagem com cuidado, e deixo-me despir pelo vento. Pelo cansaço de uma noite longa procuro uma solução lógica para todo este turbilhão de sentimentos que me abraça, que me sufoca a pouco e pouco. A dor, consigo suportar o bastante. Deito-me sobre um colchão de medo, e não procuro respostas simples, aplico-me um pouco mais na minha tentativa falhada de ter algo novo. Mas o novo nunca vem e o negro apodera-se do cinzento. Sigo por caminhos que não conheço e arrisco-me com receio de falhar, porque isso eu faço muito bem. Mas, todo este frio, todo este medo, toda esta embriaguez de cinzento misturado com negro, poderei pô-la num saco preto, daqueles simples do lixo, e deita-los fora, não guardarei nada nas gavetas, preciso de espaço para novos começos, está na hora de entrar de novo no meu mundo, e expulsar o maus pintores, os que trazem vergonha às artes. Tenho de ir, os anjos bateram-me à porta, dizem que me trouxeram sorrisos e um pouco de cores. Trouxeram-me o calor de um novo dia, e o aconchego de um colchão macio. Boa noite corajosos.
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1 comentário:
impõe-te e espalha cor por todos os cantos do teu mundo, tal como o quiseres pintar!
agradeço muito as tuas palavras (:
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