O mundo.

O Mundo perdeu o controlo e tem a roupa do avesso. Está ferido e magoado. Nas ruas da amargura não há sítio onde se esconder, são ruas estreitas, apertadas e de sentido único. Hoje ele disse-me que está ferido, que precisa de cuidado e ninguém o ouve. Ignorei o seu pedido, como outrora outros tantos fizeram, tive medo e fugi inútil pondo no baú todo o dó que senti. Quando o abri reparei que lá dentro estavam guardadas memórias de um passado já esquecido, talvez recorda-las não fosse a melhor opção, recordar todo o amor que tenho à vida e a este mundo fez-me retirar a misericórdia de lá de dentro e querer ajuda-lo a ficar bem. Fez-me querer devolver-lhe a primavera em Março, o outono em Outubro, o inverno em Dezembro e o verão em Junho. Aposto que a esta altura o Mundo chora outra vez enquanto aperta o peito de dor. Digo isto porque ele ontem, por volta desta hora, bateu na minha janela e perguntou pelo Outono, pelas folhas amarelas e secas no chão, pelas árvores despidas e pela a alegria do vento. Não lhe soube responder, convidei-o a entrar e a descansar sobre a minha cama, despreocupado por uns segundos. " Outono, Outono!! Onde estás?"- Gritou ele.